A História é uma ciência do Homem e para o Homem, tratando o seu percurso e realizações desde a Pré-História até ao dia de ontem. Ela estuda o Homem no tempo e no espaço, que é assim o espaço histórico.
Portugal é um espaço histórico, porque definido por um povo que ao longo da história se definiu enquanto tal e que concebeu o conjunto dos territórios onde habitam as suas comunidades de uma forma relacionada e uniforme, onde o tempo histórico se desenvolve de forma homogénea e de acordo com os padrões de civilização e desenvolvimento que o mesmo povo consolidou nesse espaço.
Fernand Braudel defendia que a História se define não só pela relação entre diversos espaços como pelas características dos mesmos, que variam consoante os homens que os estruturam e neles vivem. Conceito, portanto, orgânico, verificamos que se opõe, de certa forma e na maioria do mundo habitado do século XXI, à ideia de longa duração ou tempo longo. As necessidades que se sucedem a um ritmo vertiginoso provocam outras tantas alterações espaciais, frequentemente avassaladoras e sem nexo nem lógica. Contudo, aplica-se a noção de espaço a todas as épocas de vivência humana, em que os acontecimentos nem sempre se sucederam com o ritmo que hoje se verifica.
Braudel defende, por conseguinte, um pacto que engendre uma solução combinada entre o passado e o futuro.
O tempo histórico (também chamado a "ciência dos homens no tempo") compreende uma série de níveis e noções que contribuem para a sua formação. São eles a estrutura (que é permanente e inalterável, situando-se no tempo longo e aplicando-se a âmbitos como o cultural, geográfico, social, económico, político, ecológico e psicológico, entre outros), a conjuntura (por natureza cíclica, que se integra no tempo de média duração entre a estrutura e o evento, e consta de oscilações de maior ou menor dimensão em áreas como a cultural, a económica, a social e a política) e o evento (nível que se localiza no tempo curto e corresponde a uma ocorrência singular, excecional e passageira que parece independente de outras ocorrências e indica mudança). Fernand Braudel historiador francês que viveu entre os anos de 1902 e 1985, desenvolveu uma série de noções temporais que se tornaram basilares no estudo da História, como foi o caso do chamado tempo curto - que compreende os acontecimentos de breve duração como as ocorrências casuais, a história de eventos, da vida quotidiana e individual - do tempo cíclico, de rápida cadência e localização intermédia entre o tempo curto e o longo, que abrange as correntes e retrocessos no âmbito material e os ciclos económicos (entre outros) na história conjuntural - e do tempo longo ou longa duração. Este último conceito abarca a história estrutural, que contém componentes caracterizadas pela sua estabilidade e longevidade e que por estas mesmas razões não são de perceção direta e imediata, ou seja, podem passar desapercebidos na fase de perceção, necessitando da ajuda de fontes de cariz diverso. O tempo, por natureza contínuo, compreende uma série infinita de mudanças, que funcionam como renovação e quebra desta mesma continuidade. A interação entre estes dois fatores forma a estrutura daquilo a que se chama tempo histórico.